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23 junho 2010

Parentalidade

Parente - Ant. O mesmo que pai. Adj. Que está ligado a outrem por vínculo de sangue. 

Vindo do meu dicionário demodé que nunca me deixou ficar mal, tirando desta vez...

Pai e mãe não é um laço de sangue partilhado com os filhos. É mais do que isso. O laço sanguinário (uhhhhhh), só por si, já não chega. Pai é aquele que ama incondicionalmente, aquele que está lá para o filho independentemente da situação, aquele que apoia, que dá o ombro para o filho chorar...

A parentalidade deixou de ser o acto de fornicar, parir e criar o filho. Deixou de ter filhos para ajudar na subsistência da família, trabalhando desde pequeno. Não! Hoje em dia, ter um filho é tão difícil como ter uma relação, ou pior. Dá mais trabalho, é dispendioso, desde fraldas, saúde, educação... 

É profundamente lamentável quando os pais maltratam os filhos, abusam, ou usam relações com o companheiro. A criança não vem ao mundo porque nos sentimos sós ou precisamos dela. É ela que precisa de nós. Recentemente no media ouvimos histórias bizarras de pais que abandonam, violam, maltratam, matam os filhos. Em Portugal, numa população maioritariamente iletrada, com pouca queda para a educação, com um passado sombrio, ou com uma religião com queda para o extremismo, seria de esperar pouco em relação aos filhos. 

O que mais importa na relação entre pais e filhos é o amor e a forma como é expressado. E é aqui que muitos pais falham. Acho que em Portugal, é muito comum que essa expressão de amor e afecto não existe. Por exemplo, comigo não houve e tenho a certeza que com os meus pais também não e que como eu há muitos por aí... Deve-se a uma sociedade conservadora com uma educação fria e distante, talvez seja outra bola de neve social, passando de pai para filho, ao longo de gerações...

Então, se o mais importante é o amor, porque é que é tão difícil adoptar em Portugal? É claro que há pais e pais, mesmo dentro das famílias que querem adoptar. E é por isso que devia haver imensos testes psico-técnicos. Se quando eu me quis candidatar à IKEA tive de responder à volta de 80 perguntas, porque é que candidatos à adopção não devem fazer o mesmo?! Parece-me bastante credível... 

E no que toca à adopção de casais homossexuais... se também é uma questão de amor, está na hora de legalizar a adopção a casais do mesmo sexo. Nós temos muitos amor para dar...!


6 comentários:

Felisberto disse...

consulta o teu dicionário e vê se não trocaste sanguíneo por sanguinário...;-)
mas sim, tes toda a razão, naturalmente!

Unknown disse...

queria mesmo meter sanguinário ^^ mto vampírico, mto in!

AdamWilde disse...

Epah, está muito bem escrito. Concordo plenamente!
Afinal, os laços de sangue por vezes podem não significar nada... Basta vermos histórias de pais ou mães que abandonam simplesmente os filhos...

My memories haunt me disse...

Gosto das tuas análises, a meu ver fazem muito sentido. Quanto à adopção...venha ela! =)

João Roque disse...

A adopção vai ser o passo seguinte na normalização da vida da comunidade LGBT.

Anónimo disse...

Convido a assinar a petição pela legislação da parentalidade por casais do mesmo sexo:

http://www.avaaz.org/po/petition/Legislacao_da_Parentalidade_por_Casais_do_Mesmo_Sexo_em_Portugal/?fMitKbb&pv=9