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09 agosto 2010

Reflexão depois das férias...

before you can fly, you have to be free

Seis dias depois, voltei do Algarve e acho que tenho de comprar um livrinho para criar uma espécie de diário. Na noite anterior à passada tive um sono bastante inquieto: acordei cansado, com dores de cabeça, porque não dormi nada. Entre a morosidade a adormecer devido à abundância de pensamentos e a quantidade de pesadelos ridículos, não dormi nada. Cheguei à conclusão que deveria começar a escrever o que me vai na alma antes de ir para a cama.

Até lá, aqui vai (escrevi isto antes de ir dormir numa folhinha de rascunho).

Quando fui para o Algarve com duas amigas, não estava só. Almoçava, jantava, ia à praia com companhia. Apesar de estarmos ligeiramente grogues devido ao cansaço, uma vez que dormíamos pouco para irmos para a praia, não estávamos sozinhos. Depois, voltei a casa, na sexta, e a minha primeira refeição foi sozinho. No Sábado a história repete-se. Ontem, no domingo, houve uma ligeira mudança... Eu, o meu irmão e a minha mãe almoçámos juntos. Ele, de trombas, não falava e eu não falava mais do que era necessário; a minha mãe saltava entre temas, um atrás do outro, a tentar manter uma conversa, cujo resultado não deve ter sido mais do que uma frustração do pior. Não sei porquê, já era habitual antes de ir para o Algarve almoçar e jantar sozinho, mas mesmo assim, quando voltei foi, para mim, um choque... o tão pouco interesse que mostraram. 

Sinto-me carente. Carente de afectos. Carente de sexo travestido. Ver um casal a trocar carinhos deixa-me no limbo, confuso entre a aceitação ou o desprezo/repugnância. Mas é escusado eu fazer parte de um casal: não sou livre e não posso voar. As coisas cá por casa não o permitem: nem para ir ao Algarve seis dias eles me deixavam... Ultimamente pergunto-me: o comming out é mesmo necessário, os nossos pais não preferem ficar na negação? 

No Sábado vi o filme 'A English Man in New York'. Deixou-me aturdido com duas perguntas e uma afirmação que o personagem, Quentin Crisp, fez: 

Como serias se não houvesse ninguém no mundo?
Quem serias tu se apenas a tua opinião importasse? 
Porque, para sermos felizes temos de ser essa pessoa.

A questão, é que a nossa opinião não é a única que importa... e eu não consigo desvendar o mistério.

3 comentários:

João Mateus disse...

Depois de ler o teu post fiquei com a certeza que estás a deixar-te ir abaixo, não podes, dá tempo ao tempo, eu sei que é um cliché mas o tempo cura tudo, tem paciência, eu sei que é difícil estar a pedir-te isto mas força!
Não te deixes ir abaixo senão e apesar de isto não ser uma guerra é a tua família que sairá vitoriosa e tu serás apenas um retrato daquilo que eles querem e não serás nunca TU.
um abraço forte e um beijinho com carinho;
João

João Roque disse...

Filipe
não vou ser tão extremista como o João, mas tu sabes que a luta por seres aceite é dura, mas tu acabas por vencer.
espero que tenhas gostado do filme sobre o Quentin Crisp e que ele, de alguma forma te tenha ajudado.
Abraço.

myotherside disse...

ok, bonita reflexão. Agora vai dormir!

amanhã acordas com as ideia mais claras!