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07 junho 2011

Detalhes do Paradoxo

Esta semana no trabalho andei exausto. Cansado e sem motivação. Estou a precisar de férias.

A loja fecha às 21h mas nós ficamos lá ainda a arrumar e a limpar. Portanto é normal que às 20h, depois de um dia de trabalho exaustivo, não tenhamos muita paciência para os dramas alheios. Às 20h30 apareceu uma senhora que é ambientalista e temos lá umas flores... e umas oliveiras à venda. Ora... as Oliveiras são para plantar, estão enterradas num vaso há, provavelmente, meses. Claro que não estão em grande condições e não vão florir mais do que já floriram... enfiadas num vaso pequeno, numa loja sem luz natural. Mas a senhora ambientalista entrou deu para perceber que era do tipo de pessoas irritantes, com muita vontade de falar e falar e falar e falar e falar. Ela viu as Oliveiras e, ambientalista que é percebeu que as Oliveiras não estão muito... vigorosas (pelos motivos que disse atrás, como podiam?).  Mas segundo ela, ao fim de 15 minutos de discussão com a senhora (também irritante) que a acompanhava, chegaram à conclusão que era falta de água. Claro que é um grande boato, as plantas são regadas se não todos os dias, dia sim, dia não. E elas tinham sido regadas nessa manhã e eu próprio vi o meu colega a fazê-lo.

A Senhora veio à minha caixa pedir-me alguém com quem falar e eu nem a deixei expressar-se porque já sabia, já tinha ouvido metade da conversa dela e da companheira e disse-lhe três vezes que esperasse que já tinha chamado o meu colega. E ela sempre a insistir. Bom, depois de muita argumentação 'Eu sou ambientalista, eu sei isto e aquilo... eu defendo a natureza' obrigou o meu colega a regar as plantas. 

Devo confessar que a vozinha da senhora me estava a irritar profundamente e ao fim de 30 min ela ainda lá estava a 'bla bla bla'. Eventualmente o seu desejo de 'afogar a oliveira' ficou cumprido e ela continuou nas suas compras. E foi bastante claro que a intenção dela era arranjar conflito, mas pior não é daquelas pessoas que vão e querem implicar e implicam de uma forma óbvia e até bruta. Não. Ela era uma pessoa que implicava educada e calmamente o que me tirou do sério. Quando chegou à minha caixa recusou-se a tirar os artigos todos do carro, argumentando que a massa era toda ao mesmo preço e igual. Bastou debruçar-me ligeiramente para perceber que tinha três tipos de massa diferente e que por ser diferente têm de ser passadas à parte. Começou logo a dizer que estava a desconfiar dela. Ao que eu disse sem muita paciência ou paciência nenhuma que via macarrão, penne e cotovelos, que de facto eram ao mesmo preço mas que têm códigos diferentes e por motivos de inventário têm de ser registados individualmente! 

Deu origens a muitos bla bla bla. Depois foi a vez das bactérias e que ela tinha um amigo que era engenheiro alimentar que lhe tinha dito que as bactérias se propagam muito rapidamente e bla bla bla. E que não via os rebuçados de mentol, que lhe doía muito a garganta, que costumam estar nas caixas. Disse-lhe que às vezes, quase todas as semanas, mudamos o layout da coisa e indiquei-lhe o local dos rebuçados, pormenorizadamente. Mas ela descobriu que já não lhe doía muito a garganta e que não precisava dos rebuçados. Se se calasse por cinco minutos, de vez em quando, algo me diz que garganta não lhe doía tanto e teria tempo para regenerar da irritante vontade de falar, falar, falar! 

Esta ambientalista fez-me lembrar a vegetariana que teve um acesso de raiva só porque eu aproximei um pacote de carne de vaca picada do seu pacote de cogumelos. 'EU SOU VEGETARIANA NÃO ME META CARNE AO PÉ DOS MEUS ALIMENTOS!' 

Eu acho imensa piada (ou não!) a esta gente. São todos pelo ambiente e pela natureza mas são muito mal formados em relação ao ser humano. Não digo todos claro. Mas há muito boa gente que vive um bocadinho obcecada....

P.S. - A Ambientalista tinha cara de travesti.

3 comentários:

João Roque disse...

Adoro estas tuas crónicas.
Eu não tinha paciência para tanta cretinice...

um coelho disse...

Não há cú para pessoas que chegam e dizem "Eu tenho um curso disto e daquilo e eu é que sei!". A tua paciência é louvável.

Sérgio disse...

tens que preparar meia dúzia de respostas à altura porque essa pessoas têm que ser logo arrumadas.