Memórias de Infância...

'Cheiras a hospital...!'

Nenhumas praticamente.

Só me lembro quando caí, em slow motion, e bati com a cabeça no canto de um banco mais pesado do que eu na altura. O resultado foi, ser amarrado e levei 7 ou 8 pontos no sobrolho.

Lembro-me das festas ao lado da minha casa, quando todo o mundo participava feliz e contente e as crianças corriam e dançavam, completamente pindéricas a tentar imitar adultos. Calhavam sempre nos dias dos meus anos ou depois. Havia sempre alguém a dar-me os parabéns ao microfone e a cantá-los, enquanto eu me refugiava em casa para ninguém me ver ou chatear. Também me lembro do dia em que estavam todos à minha procura e eu cansado deitei-me na varanda da minha casa, à porta de casa e adormeci, aquecido pela minha cadela (que entretanto morreu).

Lembro-me quando entrei no primeiro ano e fui sucessivamente trocando de professores. Lembro-me quando um querido amigo meu espetou uma caneta na minha cabeça, da bic, azul, roída e cheia de bactérias. A caneta ficou espetada no meu crânio, parecia um lollipop! Lembro-me da contínuas, stressadas tirarem arrancarem a caneta, lembro-me de o obrigarem a pedir desculpas, de ir para a ambulância, de me 'cortarem' o cabelo para ver melhor, lembro-me de ir até ao Hospital Santa Maria com uma das contínuas, de a médica me ter perguntado se queria levar pontos ou preferia um spray. Lembro-me do barulho do spray e de voltar à escola. (Há pouco tempo passei pelo assassino que mutilou a minha cabeça, ele é uma formiga e eu o Godzilla - ele devia dar-se ao respeito e cumprimentar a pessoa que ele assassinou a cabeça, seria educado!)

Lembro-me do peixe aranha que me picou na praia da Manta Rota, no Algarve.

E lembro-me de ser educado por mulheres, de ser uma criança irritante e mimada, que tinha tudo o que queria.

Agora... agora gostaria de voltar atrás.